sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A ministra Marta Suplicy defendeu na manhã de hoje (3) Mais recursos do Pré-Sal para a Cultura


Cultura fortaleça fontes de financiamento a partir de recursos do Pré-Sal (reservas de petróleo a serem exploradas no litoral brasileiro). Lançou aos participantes do Encontro de Culturas Populares e Tradicionais 2013, evento que acontece no Sesc Itaquera, Zona Leste da capital paulista, que façam uma proposta a ser debatida na 3ª Conferência Nacional de Cultura, em novembro, em Brasília.
A ministra disse que as discussões a partir dos grupos de cultura tradicional, das autoridades municipais, estaduais e do governo federal que atuam na cultura podem ensejar uma proposta a ser defendida no Congresso Nacional.
"Gostaria muito que na 3ª Conferência Nacional de Cultura chegássemos muito juntos. Temos de ter uma estratégia para o Pré-Sal. Metade vai para a educação. E 50% vai ser dividido entre outras seis áreas. Nós temos de organizar bem! Com a ajuda dos estados, das capitais, vamos fazer alguma coisa juntos. A raiz da cultura brasileira apoiando, é certo que vamos conseguir!", discursou a ministra.
Aceitação
A ideia foi aplaudida pelos participantes do encontro. Na cerimônia com a ministra estavam presentes e falaram ao público a secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural, Márcia Rollemberg, o diretor regional do SESC/SP, Danilo Santos de Miranda, o presidente de honra do Fórum para as Culturas Populares e Tradicionais, Mestre Alcides; o Secretário Municipal de Cultura de São Paulo, Juca Ferreira, e o secretário estadual Marcelo Araujo.
Também presentes no evento o secretário de Políticas Culturais, Américo Córdula, o presidente da Fundação Cultural Palmares, Hilton Cobra, mestres e mestras da cultura popular, lideranças indígenas, quilombolas, artistas, gestores culturais, representantes da sociedade civil nos conselhos e colegiados de cultura e o público interessado no tema.
O evento teve início no dia 1º e se estenderá até o dia 6 de outubro, próximo domingo. Esta é a 7ª edição do encontro tem a finalidade de avaliar as políticas públicas de cultura implantadas nos últimos dez anos e de propor diretrizes para o fortalecimento das ações.
A iniciativa foi concebida pela Rede Nacional de Culturas Populares e é executada pelo Ministério da Cultura e vários parceiros, com apoio da Universidade de Brasília (UnB), do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para a Inclusão na Ensino Superior (INCT) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Sesc.
Homenagem

Logo na chegada, a ministra recebeu de Lucas Alves uma gola de Maracatu, vestimenta típica, símbolo do folguedo mais forte da zona canavieira e também um mamulengo. Marta ficou agradecida com a homenagem, vestiu a roupa imediatamente. Disse: "Colocar essa roupa é muito emblemático! Ela vai ficar comigo, no meu gabinete!"
Além de tratar da pauta do encontro (discussão sobre culturas populares), em sua fala ao público, a ministra Marta destacou que hoje o Ministério da Cultura trabalha sob três eixos: aprovar leis estruturantes para o setor (Vale-Cultura, PEC da música, fiscalização do Ecad, entre elas), inclusão (com editais para negros, indígenas, ciganos, mulheres e outras ações) e ampliação do "soft power" brasileiro.



Veja mais fotos do evento




quinta-feira, 3 de outubro de 2013

ENCONTRO DE CULTURAS POPULARES E TRADICIONAIS

 Diversidade
Por seu próprio processo de formação histórica, o Brasil tem a  diversidade como marca de sua sociedade e sua cultura. Povos indígenas de línguas e culturas diversas, ocupantes originários do território, que ao longo de séculos foram sendo massacrados ou empurrados para o interior, longe da costa, à medida que esta era sucessivamente ocupada por conquistadores e colonizadores de origem europeia, até consolidar-se como domínio português. Milhões de africanos de nações com as mais diversas formas de organização social, línguas e culturas, para cá trazidos como mão de obra escrava para sustentar o empreendimento econômico colonial. Enfim, o elemento europeu, de inicio apenas alguns poucos milhares de povoadores, que progressivamente conseguiram impor pela violência o seu domínio, tornando-se a força hegemônica que definiria o Brasil como parte da civilização ocidental e cristã.
É do amálgama dessas diferentes matrizes, em suas mais diversas combinações, que se formaria um povo brasileiro, sem que, no entanto, a presença de suas manifestações  culturais encontrasse  um lugar legitimo na cultura do país. Se aos povos indígenas ainda se reconhecia uma cultura própria, seria num lugar apartado e segregado com relação ao que sempre se considerou cultura nacional. Quanto aos negros africanos e seus descendentes, a condição escrava lhes negava por princípio qualquer possibilidade de expressão cultural, sendo antes classificados como mais ou menos boçais, adequados ou não ao trabalho, segundo o seu grau de assimilação da cultura de seus senhores. Esta visão, fruto da dominação material e da violência simbólica, se refletiu de forma inequívoca na definição da cultura brasileira. Ainda que a maioria do povo brasileiro seja constituída pela mistura étnica e racial dos integrantes de nossas matrizes formadoras, apenas uma elite branca, de origem europeia, ocidental e cristã, teve direito ao reconhecimento de suas “letras” e “belas artes” como expressão da cultura brasileira.  


Cultura popular
Por muito tempo, à “cultura do povo”, “cultura popular” -  ou,como hoje preferimos dizer, “culturas populares e tradicionais” – coube apenas, dentro de uma visão hierárquica da cultura,  ocupar o lugar de “folclore”, num sentido muito peculiar e pejorativo que se associou ao termo. Caracterizava-se assim o que era considerado como velhas tradições do passado, fragmentos desconexos de superstições, lendas e crendices, também presentes  em folias e folguedos para diversão de gente pobre.  Coisas “ curiosas”, talvez, até mesmo “veneráveis” para espíritos conservadores mais românticos, mas sem nenhuma relevância para a cultura e arte “verdadeiras”. Ainda que tais questões fossem objeto de estudo e acaloradas discussões desde fins do século XIX, no plano institucional das políticas públicas de cultura, tal visão só veio a mudar de fato nos últimos 10 anos.
 Um novo lugar para as culturas populares e tradicionais passou  a ser reconhecido desde que, a partir da gestão de Gilberto Gil à frente do MinC, produziu-se uma vigorosa inflexão na própria concepção da cultura. Com inspiração na Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural da UNESCO, aprovada em sua Assembleia Geral em 2001, que reconhecia a diversidade como patrimônio  comum da humanidade e os direitos humanos como fundamento dessa diversidade, a cultura passava a ser compreendida como inseparável da vida social em seu conjunto. Entendida como universo simbólico que permite aos seres humanos dar sentido à sua experiência do mundo e às formas de seu convívio social, a cultura é vista  como elemento que permeia os modos de agir e de pensar, as ações, as ideias e os valores  de uma dada sociedade. Por isso mesmo, ela é também um fator que influencia o desenvolvimento econômico. E, no plano político, é um direito de cidadania poder produzir e usufruir da cultura. Assim, sob essa nova visão, as culturas populares ganham o direito de ser incluídas no âmbito das políticas públicas de cultura, sendo representadas em um colegiado próprio no Conselho Nacional de Política Cultural, ao lado de outros colegiados setoriais, como os de cultura indígena ou afro-brasileira, entre outros.

O Encontro reunirá detentores dos conhecimentos tradicionais e das expressões culturais populares de todo o país, além de artistas, lideranças comunitárias e representantes desse segmento no Conselho Nacional de Política Cultural e em outras instâncias de pactuação da sociedade civil com o Estado. Uma mostra cultural abordará a produção artística, a culinária, o artesanato e a religiosidade tradicionais, além de outros aspectos fundamentais desse universo simbólico. O objetivo principal é o de vivenciar profundamente a diversidade cultural brasileira, abrangendo as Culturas Populares, o Artesanato, o Hip Hop, as Culturas Indígenas, o Circo, o Teatro de Rua, o Patrimônio Imaterial, as Culturas Afrobrasileiras, Povos de Matriz Africana e outros Povos e Comunidades Tradicionais.
Encontro de Culturas Populares e Tradicionais - Inscrições Abertas