Em
seus encontros, o Grupo de Pesquisa fortalece sua prática a fim de
multiplicar a experiência apreendida no convívio com os mestres e
mestras, para compartilhar estes saberes nas diversas áreas de atuação
dos participantes fortalecendo ainda mais o movimento da roda. Suas
vivências, embora de alguma maneira perpassem por todos os ciclos
comemorativos e por diferentes tradições, tem como foco principal o
Cavalo Marinho, forma de expressão artística predominante na Zona da
Mata Norte de Pernambuco, que reúne teatro, música, dança, artes
plásticas e poesia.
O
Cavalo Marinho, uma vigorosa apresentação pública, ocorre de forma
circular, voltada para o centro, e de frente para o banco, local onde se
sentam os toadeiros e onde, ao lado situa-se o capitão, de onde saem o
roteiro da noite e as músicas que serão executadas e chamarão as figuras
- os personagens que, em geral, entram do lado oposto ao banco. Costuma
ser realizado por trabalhadores que residem nas regiões canavieiras que
articulam no brinquedo aspectos de seu cotidiano que, vinculados à
tradição fazem a mediação entre brincadeira e realidade.
A
Sambada de Cavalo Marinho (nome dado à brincadeira) tradicionalmente é
realizada da “boca da noite” até a “barra do dia”, e conta variavelmente
com mais muitas figuras, tendo entre elas seres humanos, animais e
fantásticos, que exercem sua função ao longo da noite, e contam com uma
variedade de movimentos, coreografias e improvisos. Em uma tentativa de
explicação da história dramatizada, poderia se dizer que narra a
história do Capitão Marinho que contrata os dois negros Mateus e Bastião
para tomar conta da roda onde será realizada uma festa para os Santos
Reis do Oriente, em comemoração ao nascimento do Menino Jesus. Ele diz
que vai viajar e contrata os dois para o serviço; porém Mateus e Bastião
dizem tomar conta e não dar conta do recado desde o início... Com a
saída do Capitão, chegam à roda figuras como o Soldado da Gurita, o
Empata Samba e o Mané do Baile que ajudarão ou atrapalharão a realização
da festa. Ao retornar com a Galantaria (a família do Capitão e/ou seus
soldados) dá-se finalmente o baile tendo um de seus maiores destaques a
“Dança de São Gonçalo” – considerado padroeiro do brinquedo. Após esta
sequencia comumente chamada de “Dança dos Arcos”, surge o Capitão
Marinho montado em seu cavalo para dizer a sua loa. Dando continuidade à
noite, chegam as figuras da madrugada - que não tem necessariamente
relação com esta história principal e apresentam outras tramas
enriquecendo o passar da madrugada, até que finalmente, com o amanhecer
acontece a entrada do boi, para animar o terreiro e correr atrás do
povo.
O
primeiro contato do Grupo com o folguedo deu-se no Encontro de Bois, em
Olinda, em 2003, através do Boi Marinho, de Hélder Vasconcelos, que
criou um Boi de Carnaval para brincar com elementos do Cavalo Marinho.
Em seguida, o Boidaqui foi buscar a brincadeira nos locais onde ela
tradicionalmente acontece e desde então traz como referenciais o Cavalo
Marinho Boi Pintado de Aliança - de Mestre Grimário, e o Cavalo Marinho
Estrela de Ouro, da família de Mestre Biu Alexandre, de Condado; ambos
seguidores das brincadeiras do Mestre Batista.
Iniciando
os preparativos para as comemorações de seus 10 anos de existência, o
Boidaqui, no segundo semestre de 2012, escolheu compartilhar sua
história, convidando novas pessoas para chegarem à brincadeira.
SERVIÇO:
Quando: todos os domingos de Agosto, a partir das 10h. A partir do dia 19/8.
Onde: Rua Monte Alegre, 109. Sobrado. Santa Tereza.
Contribuição: alimentos e bebidas para o lanche comunitário.
Maiores informações: 96743695.
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